abril 22, 2013

Uma Aventura em Buenos Aires Parte VII



Quando entrei naquela combi, eu não fazia ideia do que estava por vir, e nem imaginava com que tipo de gente estava andando. Eu achava que podia confiar nesses hippies, mas logo [...]







Uma Aventura em Buenos Aires                                                                                                     Voltar para Parte VI
ParteVII


Quando entrei naquela combi, eu não fazia ideia do que estava por vir, e nem imaginava com que tipo de gente estava andando. Eu achava que podia confiar nesses hippies, mas logodescobriria que estava me metendo em problemas.

Começamos a viagem mais divertida da minha vida. Cantávamos ao som do violão, comiamos sanduiches e jogávamos carta com um baralho espanhol, diferente dos que temos no Brasil. Os argentinos me ensinaram alguns jogos interessantes. Todos gostavam da presença da cachorra e o clima era sempre de descontração. Alguém sempre tinha uma história engraçada pra contar ou algo esquisito na paisagem lá fora, pra mostrar. 

Tudo ia bem, até que um dos caras acendeu um cigarro. Logo percebi que não era cigarro comum. Fiquei um pouco preocupado, porque o motorista também estava fumando e reparei que desde que saímos de Buenos Aires, passávamos por muitas e muitas blitzs o tempo todo. 

- Se a policia pegar o motorista fumando estamos encrencados. Sussurrei para Rocio. 
- Talvés um de nós devesse dirigir então. Respondeu ela. 
- Você já deve estar cansado né, porque não deixa outra pessoa dirigir um pouco? Eu disse batendo levemente no ombro do motorista.
Ele não queria sair do volante logo de início, mas acabou aceitando. Quando me sentei no banco do motorista, me lembrei que minha carteira de motorista internal já havia expirado.
- Que foi? Me pergunta Rocio.
- Não posso dirigir na Agentina.
- Deixa que eu dirijo. Então trocamos de lugar e ela foi conduzindo.
 

A combi começou a ficar cheia de fumaça dentro e os hippies não queriam abrir as janelas. Concordo que indo a 100 Km por hora numa estrada que é só reta durante horas e horas, cruzando o deserto Patagónico, abrir a janela seria um pouco incômodo devido ao vento forte e frio e a barulheira que faz. Mas se não abríssemos a janela, até Rocio acabaria sofrendo os efeitos da maconha.

Tentei convencê-los a abrirmos as janelas, mas eles já não tinham aquele tom amigável de sempre. Continuei preocupado, porque não seria difícil para a polícia encontrar um motivo para nos levar para a DP, após parar uma combi cheia de fumaça de maconha dentro.

Eu ficava prestando atenção para ver se não vinha mais blitzs ou alguma fronteira ou pedágio. Enquanto isso pensava em o que fazer. Rocio me olhava pelo retrovissor e ambos estávamos nervosos.

Não sei dizer quanto tempo se passou, perde-se a noção das horas no deserto, mas sei que não passou muito tempo, até que Rocio me disse que estava se sentindo estranha e sonolenta e que não podia controlar bem as mãos.

Imediatamente eu percebi que a maconha já estava fazendo efeito nela, e provavelmente começaria a fazer em mim também muito em breve, se já não estivesse fazendo, mas eu ainda não havia percebido.

Mandei ela parar o carro imediatamente e ela assim o fez. Os hippies estavam tão desligados que nem perceberam que paramos. Sai da combi e deixei a porta aberta pra sair a fumaça.

Tirei Rocio de lá e a sentei no encostamento. Eu pensava em o que fazer para que o efeito passasse. Rocio me viu nervoso e tentou me acalmar dizendo:

- Não se preocupa, eu já fumei antes, daqui a algumas horas passa. Eu fiquei um pouco surpreso com essa declaração, não sabia que ela já havia experimentado drogas.

Enquanto isso me chama a atenção um dos hippies que sai da combi caminhando com o olhar vago, vai cruzando a auto-estrada sem nem olhar para os lados. Eu vejo um carro vindo lá no horrizonte e corro até a estrada para pucha-lo de volta para a combi.     

- Que hacés boludo!? Ele se irrita comigo. 
- Você estava na estrada, assim ai acabar morrendo.
- Sabe o que é que você precisa? Então o hoppie começa a me oferecer o cigarro.
- Não, não quero, obrigado. Ele continua insistindo, até se tornar muito inconveniente.
- No te preguntei si querés, te dice que necessitás! E ai o hippie começa a se por violento e a literalmente me forçar a fumar.

Os outros saem da combi e literalmente seguram a minha mandíbola e enfiam o cigarro na minha boca, a força. Eu vejo Rocio olhando para mim mas ela parece não estar realmente vendo o que está acontecendo.
A situação se agrava, agora eu estou em perigo. Eles já começam a me machucar e eu já não posso respirar com a fumaça do cigarro na minha cara, então acabo abrindo os braços e empurrando todos eles cada um para um lado.

Um dos hippies vai para o lado da estrada, cambaleando feito bâbado, e nisso um carro passa tão rápido, e tão próximo dele, que só pudemos ouvir o barulho e ver o vulto. E o corpo do hippie é arrastado por uns 2 ou 3 metros, pelo vacuo do carro.

Isso assustou a todos. Aproveito esse segundo de distração para me livrar da situação. Agarro minha mochila, corro até Rocio, a pego pela mão e continuo correndo com ela deserto a dentro. 

Enquanto corro, chamo pela cachorra, que apesar de magrela, nomeei de Baleira, em homenagem a Graciliano Ramos, em seu livro Vidas Secas. Ela vem atrás de nós e os hippies demoram a perceber que partimos.

Tomamos uma distância grande até pararmos por falta de fôlego. Ainda podemos vê-los lá longe, mas estamos distantes e seguro. Nos sentamos para recuperar o fôlego e descansar. A cachorro não entende o que está acontecendo e continua faliz como sempre, abanando o rabo.

O sol começa a se por e a noite vai chegando. Típico em países próximos ao trópico, o sol se poe rápido. Em questão de minutos, fica tudo escuros, de repente estamos no meio de uma escuridão que nunca se vê na cidade. Eu nã podia ver um polmo a minha frente. Mas podiamos ver a luz do farol da combi, lá longe.

Não estavam indo a lugar algum, não sei se pretendiam passar a noite ali, ou o que, mas sei que ainda estavam lá. Esfriou bastante e usamos tudo o que tinha na mochila para nos cobrirmos.

Demorei para pegar no sono, eu estava nervoso. Naquela noite sonhei que os hippies estavam vindo atrás de nós e quando nos encontraram, fizeram maldades conosco. Nisso, acordei do meu pesadelo e não consegui voltar a dormir. Ainda era noite, mas decidi ficar de vigia. A cachorro Baleia me acompanhava.

Era assustados estar no meio de um negrume infinito. O meu pesadelo me atormentava, mas pensando racionalmente, eu sabia que não havia chance de eles me encontrarem naquele escuro infinito. Com tanto que eu ficasse em silêncio. Mas então comecei a pensar que talvés eu houvesse deixado pegadas, que poderiam ser seguidas. Mas o vento forte haveria te ter apagado as pegadas a essa altura. No entanto, talvés eles ainda se lembrassem a direção para a qual eu corri, e com uma lanterna poderiam nos encontrar... E assim eu passava o resto da noite, nervoso, preocupado, com medo.

E em algum momento, não sei que horas da madrugada eram, mas ainda estava escuro, a cachorro baleira começou a rosnar. Fiquei ainda mais assustado. Congelei. Eu a via encarar a escuridão, rosnando, indicando a presença de perigo.

Comecei a suar e engolir seco. Rocio dormia profundo e não acordou. Eu não sabia o que fazer, sempre ico nervoso nessas situações, sou um covarde. Minhas mãos tremiam e cada segundo pareciam horas. O rosnar da cachorra aumentava, eu sabia que fosse o que fosse que estava no negrume, não tinha medo, estava se aproximando e estava por mostra-se para nós.                   


Continua... 
(Aguarde o próximo capítulo da história)



Você também pode contar sua história. Um passeio que veio fazer ou sua experiência vivendo aqui divida com outros sua história (enviar história).


Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

5 comentários:

  1. Esse papo todo tá cheirando a conversa para boi dormir.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Poxa anônimo só porque você não sai da zona de conforto, não quer dizer que outras pessoas nunca viveram aventuras.
      Sou psicólogo e presto muita atenção na ligação dos fatos, para ver se a história dos meus pacientes se conecta, se faz sentido e se é verdade (ou se é só fruto da imaginação dele). Mas a história desse João Guilherme é bem razoável, verdadeira.

      Excluir
  2. Essa historia merece um filme, hein haha. No aguardo da continuaçao.

    ResponderExcluir
  3. João Guilherme, estou no aguardo de sua história ...

    ResponderExcluir
  4. Todos os capítulos anteriores estão sinistros, mas esse capítulo VII ficou meio forçado com essa história toda de hippies. Mantenha o pé no chão, tá daora o negócio.

    ResponderExcluir