março 17, 2013

Uma Aventura em Buenos Aires Parte VI


Estava claro que o polícia tinha aceitado suborno e a menos que eu lhe entregasse o meu dinheiro também, eu não conseguiria sair dessa são e salvo, mas eu não podia usar o dinheiro da Rocio para isso, não seria justa[...]


Uma Aventura em Buenos Aires                                                               Voltar para Parte V
ParteVI

Estava claro que o polícia tinha aceitado suborno e a menos que eu lhe entregasse o meu dinheiro também, eu não conseguiria sair dessa são e salvo.

Eu não podia usar o dinheiro da Rocio para isso, não seria justa, então entreguei a minha camera para o policial dizendo que talves ele tivesse que confiscar a camera. Lhe dei aquele olhar de quem está oferecendo suborno e o polícia percebeu.

- Entendido. Garoto esperto, sabe direitinho como funciona a lei. Disse o policial enquanto checava a camera. Nisso o outro policial se aproxima; mais velho, provavelmente mais safado que o primeiro.

- Essas porcarias têm número de série, isso vai dar merda. É dinheiro vivo ou nada. Disse o policial velho, para o mais novo. Então o primeiro policial me devolve a camera e eu lhe entrego a bolsa com dinheiro.

- Então confisque isso. Digo enquanto entrego a bolsa cheia de dinheiro. Os policiais sorriem e enquanto voltam para a viatura dissm: - Nós sempre fazemos ronda por aqui. Se voltarmos a ver qualquer um dos 3 aqui, metidos em problemas de novo, a coisa vai ficar feia.

Rocio deixa a viatura e me abraça. Me surpreendo por ela nem se importar em haver perdido o dinheiro. Ela só pensava em mim. Eu a abraço também.

- Entre no carro, vamos te levar para o hospital. O caminhoneiro tenta resistir, mas eles o levam de qualquer maneira. Os polícia sempre sabem quando o sujeito é bandido, só pelo olhar. Eu tenho pra mim que o levaram para a prisão, mas não fiquem para perguntar. Saimos dalí o mais rápido que pudemos. Eu ainda sentia as minhas pernas tremerem com o susto, mas agora estava tudo bem.


Na manhã seguinte eu prometi a Rocio que trabalharia mais para recuperar o dinheiro "confiscado" e decidi que era hora de procurar um emprego melhor. Apesar de eu estar feliz com a Rocio, aquilo não era vida, eu precisava de algo melhor e que não fosse perigoso nem pra mim e muito menos para ela. A felicidade que ela me faz sentir sempre ofuscou a condição horrível em que eu estava vivendo, mas esse episódio abriu os meus olhos.

Então daquele dia em diante comecei acordar mais cedo e dormir mais tarde para fazer mais pulseiras. Ela vendia no Obelisco e eu vendia na feira em frente a faculdade ou em frente ao cemitério alemão, assim tínhamos acesso a mais gente ao mesmo tempo.

Eu dormia tão poucas horas que qualquer um no meu lugar já pareceria um zumbi, mas eu não. De alguma forma a paixão me alimentava e dava forças. Estávamos muito felizes juntos. Continuávamos cantando juntos e aprendendo e ensinando um ao outro espanhol e português.

A cachorra magrela sempre nos acompanhava, mas quando nos separávamos, ela preferia a companhia de Rocio. Cachorra esperta, podia sentir a bondade dela lá no fundo.

Depois que consegui ganhar de novo todo o dinheiro "confiscado", voltei a dormir mais e a passar o dia inteiro com o meu amor. Com esse dinheiro extra, percebi que levando a mesma vida apertada de sempre, nós conseguiríamos juntar um trocadinho todo mês e que assim eu poderia comprar um computador e com internet eu poderia trabalhar online e começar a construir uma vida melhor, já que eu começava a pensar em ter um futuro com a Rocio, era hora de começar a pensar em ter algo de bom a mais para oferecer a ela. Por enquanto a paixão estava nos anestesiando, mas eu precisava tirar-nos dessa situação antes que a vida dura começasse a machucar.


Meses passaram, de estação em estação, todas bem marcadas e lindas. O caminhoneiro nunca mais deu as caras. Conseguimos o dinheiro para comprar um laptop barato e uma internet com USB de 3G.

As coisas pareciam estar indo bem. Ainda muito apaixonados, eu adorava cada coisa que ela fazia, tudo, desde a forma de se vestir e falar, até o seu cheiro e a forma de amar. O amor nos mantinha felizes

Comecei a trabalhar postando e vendendo fotos na internet, em sites de stuck photos. O negócio começa de vagar mas é promissor. Por sorte Rocio me apoiava muito, ela é a mulher perfeita.

Sempre que podia eu ia até o obelisco para ajudá-la e acabava tirando fotos ótimos que mais tarde me trariam dinheiro.
  

Alguns hippies que também trabalham no Obelisco estavam partindo, iam passar uns meses no Sul da Argentina. 
Como Rocio e eu podiamos trabalhar de qualquer lugar, aceitamos a oferta dos hippies de pegar uma carona com eles. Rocio sempre quis ver a Patagônia, então até lá nós acompanharíamos os hippies em sua combi.

Arrumamos as malas e levamos a cachorra. Eu me sentia seguro, pois os conhecia, de sempre vê-los trabalhar do outro lado da rua, como nós. A viagem prometia ser divertida, mas logo eu iria descobrir que eu não podia confiar em todas as pessoas naquela combi.      







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