junho 11, 2012

Uma Aventura em Buenos Aires Parte III



Fiquei impressionado com o obelisco e aquela era a minha parte preferida da cidade até então (e ainda é). Ai nessa praça passei o final da tarde e decidi dormir pra não sentir a fome que já voltava a me incomodar.[...]



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Parte III
Então durante a madrugada, quando a vigilância é mais difícil devido à escuridão da noite, pulei o alambrado na parte mais herma do porto e ali passei a noite. No dia seguinte acordei quebrado e com a garganta doendo. Fez frio durante a noite.

Haviam funcionários chegando aos montes, precisei descer e ficar encolhido na barricada onde o mar bate. Eu estava nervoso, apesar de tudo estar correndo bem. Quando o porto abriu e começou a gente a entrar, me meti discretamente no meio de uma leva e entrei num dos barcos da Buquebus.
Depois dai a viagem foi tranquila. Fui do lado de fora admirando a paisagem e tirando algumas fotos. Logo chegamos à Buenos Aires e desembarquei em Puerto Madero; naturalmente, como qualquer brasileiro que nunca nem se quer deixou o próprio estado, quando se depara com Buenos Aires, se impressiona. Eu olho ao redor e tudo é tão lindo, as construções antigas mas conservadas, pessoas pra lá e para cá todas elegantes e sofisticadas, sinto o ar de cidade grande e a mágica de se estar no exterior. Uma emoção me acometeu, era como um sonho estar ali. 

Eu tinha fome, mas sem dinheiro não sei onde comer nessa cidade. Então decidi andar pelas mesas dos restaurantes e lanchonetes ande se pões as mesas do lado de fora, para pegar um ou outro resto de comida que o argentino não comeu. Era difícil, mas fui indo, fui indo, até que consegui enganar a barriga. Nisso já era de tarde e eu já havia ido parar em frente ao obelisco, e ai decidi ficar.
Fiquei impressionado com o obelisco e aquela era a minha parte preferida da cidade até então (e ainda é). Ai nessa praça passei o final da tarde e decidi dormir pra não sentir a fome que já voltava a me incomodar. Agarrado a minha mochila (tudo que eu tenho), peguei no sono atrás de um arbusto.

Na manhã seguinte o estômago já chiava. Já é hora de procurar comida de novo. É estranho acordar e já estar no maio da gente, de não poder escovar os dentes, se pentear ou limpar o rosto antes de sair na rua. Sigo caminhando pelas ruas ao redor e como um pouco mais aqui e ali, mas é difícil. A dor na garganta parece estar pior hoje. Parece que o frio vem chegando, vai começar a ficar difícil dormir na rua. 
Passo dois dias nisso, minha vida se ressume a caçar comida, no segundo dia já comecei a pedir dinheiro, quero comprar um remédio para resfriado (o nariz já está escorrendo) e um casaco. Consigo dois pesos aqui, vinte e cinco centavos ali. Nossa, vai levar o inverno inteiro até eu conseguir comprar um casaco.
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No terceiro dia descubro que no metrô é quentinho e passo à noite na estação. Me meto ai pouco antes de fechar e depois que o ultimo guarda faz a ronda, se ele não te ver, ai já era, você passa o resto da noite tranquilo.
No quarto dia com as esmolas pude comprar um remédio e passando as tardes na praça do obelisco, comecei a reparar aquela gente que vendia bijuteria. Tinham aparência meio largada, desleixados, mais ou menos como eu aparentava no momento, então não me senti mal em me aproximar. 
Comecei uma conversa, enrolava com meu portunhol e assim criei uma espécie de amizade, pelo menos para passar as tardes conversando.
No final da primeira semana em Buenos Aires, eu conheço Rocio, uma argentina linda que passou também a trabalhar ai vendendo suas bijuterias. Do outro lado da praça, pra não parecer concorrência. Começamos a conversar e passamos a gastar todo o dia juntos, fazendo companhia um ao outro. Sua família era de Mendonza e havia 3 anos que ela não os via.
Era estilosa, tinha cabelo cacheado, cheia de pulseiras e maquiagem pesada. Com aquele tom de pele branca e o cabelo negro, clássica argentina, o contraste me chamada a atenção e me agradava os olhos. Era paciente e me ensinava castelhano e também a fazer pulseiras. Passamos a trabalhar juntos, eu vendia para brasileiros e gringos de fala inglesa e ela para os argentinos. No final da segunda semana eu já fazia minhas próprias pulseiras e vendia também para argentinos quando ela saia para comprar-nos comida ou ir ao banheiro. 
Íamos criando uma relação boa. Na terceira semana já fazia mais frio e ela me trousse um casaco, tomávamos o mate argentinos e ela cantava em castelhano para mim. Ainda que vivendo na rua, minha vida nesse momento era perfeita, não havia como negar, eu estava me enamorando. As coisas não podiam ficar melhor, quando então, Rocio descobre que eu não tenho casa e que vivo nas ruas.  



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6 comentários:

  1. CAra parabéns pelo blog. Adoro essas histórias.

    valeus
    beijos

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  2. Gostei muito da historia, quando você vai publicar o resto?

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    1. Na próxima semana tem mais. Postamos uma parte por semana :)

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  3. Tô esperando ansiosamente a outra parte da história! *_* Amo esse blog, e agradeço a ajuda!! =D

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    1. Já vamos postar o resto Helena. Obrigado por acompanhar :)

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  4. Eu acho que o mais difícil, é claro, além de conquistar relações em um ambiente estrangeiro, é sobreviver ao frio. Porque sua mente pode suportar, dependendo, o estresse de se estar em outro país sem ninguém que você conheça. Mas o corpo não tem defesas contra um clima inesperado, ainda mais o frio. Se fosse calor, acho que até dá pra passar, mas o frio é mais cruel.

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