Fiquei impressionado com o obelisco e aquela era a minha parte preferida da cidade até então (e ainda é). Ai nessa praça passei o final da tarde e decidi dormir pra não sentir a fome que já voltava a me incomodar.[...]
Uma Aventura em Buenos Aires Voltar para ParteII
Parte III
Então durante a madrugada, quando a vigilância
é mais difícil devido à escuridão da noite, pulei o alambrado na parte mais
herma do porto e ali passei a noite. No dia seguinte acordei quebrado e com a
garganta doendo. Fez frio durante a noite.
Haviam funcionários chegando aos montes,
precisei descer e ficar encolhido na barricada onde o mar bate. Eu estava
nervoso, apesar de tudo estar correndo bem. Quando o porto abriu e começou a gente
a entrar, me meti discretamente no meio de uma leva e entrei num dos barcos da
Buquebus.
Depois dai a viagem foi tranquila. Fui do
lado de fora admirando a paisagem e tirando algumas fotos. Logo chegamos à
Buenos Aires e desembarquei em Puerto Madero; naturalmente, como qualquer brasileiro que
nunca nem se quer deixou o próprio estado, quando se depara com Buenos Aires,
se impressiona. Eu olho ao redor e tudo é tão lindo, as construções antigas mas
conservadas, pessoas pra lá e para cá todas elegantes e sofisticadas, sinto o
ar de cidade grande e a mágica de se estar no exterior. Uma emoção me acometeu,
era como um sonho estar ali.
Eu tinha fome, mas sem dinheiro não sei onde comer nessa cidade. Então decidi andar pelas mesas dos restaurantes e
lanchonetes ande se pões as mesas do lado de fora, para pegar um ou outro resto
de comida que o argentino não comeu. Era difícil, mas fui indo, fui indo, até
que consegui enganar a barriga. Nisso já era de tarde e eu já havia ido parar
em frente ao obelisco, e ai decidi ficar.
Fiquei impressionado com o obelisco e
aquela era a minha parte preferida da cidade até então (e ainda é). Ai nessa
praça passei o final da tarde e decidi dormir pra não sentir a fome que já
voltava a me incomodar. Agarrado a minha mochila (tudo que eu tenho), peguei no
sono atrás de um arbusto.
Na manhã seguinte o estômago já chiava. Já
é hora de procurar comida de novo. É estranho acordar e já estar no maio da
gente, de não poder escovar os dentes, se pentear ou limpar o rosto antes de
sair na rua. Sigo caminhando pelas ruas ao redor e como um pouco mais aqui e
ali, mas é difícil. A dor na garganta parece estar pior hoje. Parece que o frio
vem chegando, vai começar a ficar difícil dormir na rua.
Passo dois dias nisso, minha vida se
ressume a caçar comida, no segundo dia já comecei a pedir dinheiro, quero comprar
um remédio para resfriado (o nariz já está escorrendo) e um casaco. Consigo
dois pesos aqui, vinte e cinco centavos ali. Nossa, vai levar o inverno inteiro
até eu conseguir comprar um casaco.
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No quarto dia com as esmolas pude comprar
um remédio e passando as tardes na praça do obelisco, comecei a reparar aquela
gente que vendia bijuteria. Tinham aparência meio largada, desleixados, mais ou
menos como eu aparentava no momento, então não me senti mal em me aproximar.
Comecei uma conversa, enrolava com meu portunhol e assim criei uma espécie de amizade, pelo menos para passar as tardes conversando.
Comecei uma conversa, enrolava com meu portunhol e assim criei uma espécie de amizade, pelo menos para passar as tardes conversando.
No final da primeira semana em Buenos
Aires, eu conheço Rocio, uma argentina linda que passou também a trabalhar ai
vendendo suas bijuterias. Do outro lado da praça, pra não parecer concorrência.
Começamos a conversar e passamos a gastar todo o dia juntos, fazendo companhia um
ao outro. Sua família era de Mendonza e havia 3 anos que ela não os via.
Íamos criando uma relação boa. Na terceira
semana já fazia mais frio e ela me trousse um casaco, tomávamos o mate
argentinos e ela cantava em castelhano para mim. Ainda que vivendo na rua,
minha vida nesse momento era perfeita, não havia como negar, eu estava me
enamorando. As coisas não podiam ficar melhor, quando então, Rocio descobre que
eu não tenho casa e que vivo nas ruas.
Você também pode contar sua história. Um passeio que veio fazer ou sua experiência vivendo aqui divida com outros sua história (enviar história).
CAra parabéns pelo blog. Adoro essas histórias.
ResponderExcluirvaleus
beijos
Gostei muito da historia, quando você vai publicar o resto?
ResponderExcluirNa próxima semana tem mais. Postamos uma parte por semana :)
ExcluirTô esperando ansiosamente a outra parte da história! *_* Amo esse blog, e agradeço a ajuda!! =D
ResponderExcluirJá vamos postar o resto Helena. Obrigado por acompanhar :)
ExcluirEu acho que o mais difícil, é claro, além de conquistar relações em um ambiente estrangeiro, é sobreviver ao frio. Porque sua mente pode suportar, dependendo, o estresse de se estar em outro país sem ninguém que você conheça. Mas o corpo não tem defesas contra um clima inesperado, ainda mais o frio. Se fosse calor, acho que até dá pra passar, mas o frio é mais cruel.
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